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São cinco da tarde. Estou em casa sentada à mesa da cozinha, com uma chávena fumegante na mão, e olho lá para fora. Gosto de estar aqui enquanto o vento assobia lá fora. A janela é muito grande, consigo ver uma nesga de céu por cima dos prédios, que vai variando entre o azul límpido e o cinzento carregado. Consigo ver também, pessoas que passam completamente despenteadas pelo vento. Ainda não choveu, mas como o tempo está já não deve faltar muito para começar.
Na história que ando agora a escrever um dia o tempo também estava assim:
Escolheram um mau dia para ir ao banco na cidade. O pior foi que o empréstimo não lhes foi concedido e caminham os dois tão exaltados como o vento. Discutem por tudo e por nada e cada nada dá origem a uma tempestade. Prendem-se a ninharias porque não podem falar do empréstimo que não tiveram. Não, sobre o empréstimo não podem falar. Nem sobre de quem será a culpa. Muito menos sobre todos os sonhos que se afundam por falta de financiamento.
A roda de um carro atravessa uma poça de água no momento em que se levanta uma rabanada de vento mais forte. Ela vai na borda do passeio e fica completamente encharcada. Completamente humilhada deixa escapar aquela lágrima insistente, o banco, a discussão intermitente e agora esta molha.
Ele olha para ela parado, como se tivesse despertado subitamente e então consegue realmente vê-la: frustrada, irritada, enlameada e humilhada. Estas discussões mesquinhas, que se vão tornando tão frequentes, estão a hipotecar a ternura e o respeito que partilham. E tirando isso, o que sobra?
A minha imaginação corre muito mais ligeira que os meus dedos e quando acabo de escrever estas linhas, já os dois fizeram as pazes e viveram felizes para sempre.
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